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Rolls-Royce vai encerrar operações em São Bernardo

Instalada desde 1959 no Grande ABC, a Rolls-Royce do Brasil fechará sua unidade de São Bernardo até o fim do ano. Do quadro de 170 funcionários na região, 100 devem aderir ao PDV (Programa de Demissão Voluntária) na semana que vem e os outros 70 ficarão até dezembro, segundo a empresa. A companhia oferecia, por aqui, serviços de manutenção de motores aeroespaciais (de aviões e helicópteros) e já via há alguns anos minguar seu mercado nesse segmento no País.

Segundo o secretário-adjunto de Desenvolvimento Econômico de São Bernardo, Carlos Alberto Gonçalves, o Krica, a Prefeitura e o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC acompanhavam a situação difícil pela qual passava essa unidade da empresa, por causa da queda na demanda, e por isso, aadministração municipal enviou, há seis meses, ofício ao Alto Comando da Força Aérea Brasileira, na busca de alternativas para trazer mais serviços para suas oficinas.

Krica cita, no entanto, que a companhia no município só trabalha com a manutenção de motores Rolls-Royce, e muitos aviões que estavam em operação no País com essas turbinas deixaram de operar, como o foi caso dos Fokker 100 da TAM.

Por meio de nota, a Rolls-Royce informou ainda: “Foi uma decisão difícil, dado o longo histórico da empresa na região, mas infelizmente não foi possível encontrar uma alternativa, apesar de múltiplos esforços empreendidos”.

O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC foi mais longe e informou que, há dois anos, em conversas com os executivos dessa divisão do grupo inglês, a empresa já procurava caminhos para ampliar a demanda e evitar o fechamento dessa atividade, que teriam se mostrado inviáveis, e por isso, gradualmente, a empresa já vinha reduzindo suas operações. Em 2012, para se ter ideia, contava com o dobro do quadro atual de funcionários.

A entidade sindical disse ainda que negocia as condições de saída do pessoal dessa filial e também que faz contatos com donos de indústrias do setor metalúrgico para que o local se mantenha comatividade empresarial.

Krica acrescenta que, embora essa seja uma notícia ruim, não influi nos planos da Prefeitura de tornar o município um polo da indústria da defesa. Ele cita ainda que a sueca Saab vai montar fábrica de estruturas de caças Gripen NG a partir de 2018.

Ao mesmo tempo em que anuncia o fechamento da atividade no Grande ABC, o grupo inglês investe em nova unidade marítima, que demandará R$ 80 milhões, em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, onde serão montados e testados grandes propulsores e outros equipamentos de propulsão para plataformas de petróleo semissubmersíveis, navios de perfuração e outras embarcações offshore (de alto mar) de alta complexidade.

Dirigentes e ex-sindicalistas lamentam o fechamento

Sindicalistas e ex-dirigentes sindicais lamentaram o fechamento da unidade da Rolls-Royce na região. O deputado federal Vicente Pereira da Silva, o Vicentinho (PT-SP), que já foi presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, afirmou que se trata de uma perda para a categoria, ainda mais por ser uma empresa que mantinha diálogo com o sindicato dos trabalhadores.

Adi dos Santos Lima, que preside a CUT-SP (Central Única dos Trabalhadores no Estado de São Paulo), citou que é sempre ruim ver uma firma fechar as portas na região, mas acrescentou que a companhia já vinha se programando para tomar decisão desse tipo em algum momento, por causa da dificuldade da demanda. “Mas a gente nunca está preparado para isso, pois essa decisão leva os empregos embora.”

Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, a preocupação é que, além do fechamento dessa empresa, a região sofre com a falta de política industrial do governo, que coloca em risco o parque fabril do Grande ABC.

 

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