Fórmula 1 – Seria o fim de ciclo um para Sebastian Vettel?
O fim de semana de Monza foi duro e difícil para Sebastian Vettel. O piloto alemão da Ferrari viveu outro pequeno pesadelo. Fica no ar a dúvida se não terá sido o ponto de virada e/ou final de um ciclo.
Sebastian Vettel, tal como todos os grande campeões de F1 é alvo de ódio e paixões. Nada mais natural na vida de um piloto bem sucedido. Muitos apontam alguma falta de talento ou de capacidade mental para se bater com Lewis Hamilton, por exemplo. Outros dirão que apenas foi campeão graças ao carro que tinha à disposição. Outros dirão que é um dos melhores e que apenas passa por uma fase má.
Pessoalmente, acredito que Vettel, embora lhe falte um pouco do gênio de outros pilotos, é um grande campeão. Embora não seja o piloto mais empolgante em pista e mostre dificuldades quando não tem um carro exatamente a sua medida, subiu até à F1 a um ritmo alucinante, foi dos mais jovens a ter grande sucesso na categoria, venceu tudo o que havia a vencer na Red Bull e iniciou um novo ciclo na Ferrari. Vettel foi olhado de lado por vencer muito, muito depressa (e nem sempre recebeu o crédito por isso), mas sempre foi um dos mais bem dispostos do grid, daqueles pilotos que fazia questão de dar mais alguma luz as sombrias conferências de imprensa e que sempre mostrou gostar verdadeiramente do que fazia e faz. E mostrou também grande inteligência na sua abordagem à competição, uma visão muito metódica e uma ética de trabalho insuperável.
Vettel tem enfrentado uma fase negativa que já dura há mais de um ano. Uma fase em que os resultados não aparecem e os erros se sucedem. Vettel não tem conseguido colocar o monoposto da Scuderia ao seu gosto. Monza pode ser um ponto de virada por toda a carga emocional que tinha. Depois de um ano de dúvidas e de erros, e com o “caso Canadá” a impedir a vitória tão desejada, Vettel certamente olhou para Monza como o seu grande objetivo.
Monza é sempre especial para qualquer piloto que vista de vermelho. A adoração e a paixão dos fãs é insuperável . Além disso, a Scuderia faz 90 anos e não vencia em casa há 10 anos. O carro estava talhado para pistas como a italiana A Ferrari era a favorita. Vettel, como chefe de fila, certamente sonhou com a tão desejada vitória frente aos tifosi. Mas foi o seu colega de equipe que lhe roubou o espetáculo. Foi claramente mais forte e levou um banho de multidão, enquanto Vettel ficou remetido ao anonimato de quem cometeu um erro clamoroso. Viu bandeiras azuis para deixar passar a luta onde queria estar. Foi provavelmente o maior golpe no ego do alemão.
Não tenho dúvidas que Vettel é ainda um piloto talentoso e com muito para dar à F1. Mas tenho algumas dúvidas se ele irá conseguir encontrar forma de voltar a mostrar esse talento a curto prazo. Vettel precisa de uma vitória como de pão para a boca, precisa de voltar a sentir que é campeão e que tem capacidade para estar lá. O seu discurso é o que se exige agora, mas a parte mental tem forçosamente de ficar afetada com o que se passou.
Vettel pertence aos grandes palcos e se não estiver lá, faz sentido estar na F1? Um tetracampeão tem legitimidade para dizer que não aceita um papel secundário. Todos preferiríamos um Vettel dando um murro na mesa e a dar a volta da melhor forma, mas o cenário é agora mais difícil pois já por duas vezes teve de se contentar com o papel de nº2. A F1 precisa de Vettel. Precisa de mais pilotos que encarem a competição de forma leve e alegre. Precisa de campeões que não têm medo de pisar o risco quando é preciso. Precisa do que Vettel tem para dar, mas que está enterrado debaixo de inseguranças, falta de confiança e um pouco de falta de sorte. Talvez baste uma vitória para que esse Vettel volte e que fique por mais algum tempo. Sem essa vitória… as dúvidas adensam-se.