Fórmula 1 – O efeito Max Verstappen.
Max Verstappen chegou à F1 já com o rótulo de futura estrela e tem confirmado esse rótulo. O jovem holandês é tão impressionante que nos últimos anos a Red Bull moldou-se para o receber e os efeitos nos restantes pilotos da equipe foram claros.
Verstappen é um prodígio. Tem apenas 21 anos, mas já vai na sua quinta temporada na F1, onde tem feito uma ascensão meteórica. Cometeu muitos erros e alguns exageros no passado, mas manteve sempre a mesma postura, sinal de um carácter forte. Está agora na melhor forma de sempre e prova a todos que com ele a Red Bull pode voar alto. É talvez o único piloto da atualidade com capacidade para bater-se com Hamilton. Mas não podemos deixar de fazer uma pergunta: e se ele sair?
Neste momento a Red Bull tem um problema para resolver. A equipe não tem um piloto na linha de sucessão para entrar e se tornar uma referência. Dan Ticktum era o próximo piloto na lista, mas a sua postura não agradou e foi dispensado do programa. Do alinhamento atual apenas Juri Vips parece mostrar potencial para ser o próximo a subir à F1, mas ainda tem de evoluir para o comprovar.
Desde a chegada de Verstappen à Red Bull que o piloto tem afetado todos os restantes pilotos do programa. Basta ver o caso de Daniil Kvay, Pierre Gasly e Daniel Ricciardo.
É interessante que a história destes três pilotos gira em volta de Verstappen. Kvayt foi despachado da Red Bull para dar lugar ao holandês. O russo entrou em espiral descendente, que se acentuou na Toro Rosso e deu lugar a Gasly a meio da temporada 2017, que por sua vez foi despachado há poucos dias porque o rendimento em comparação Verstappen era muito pior. O francês foi chamado à equipe este ano, porque Ricciardo sentiu que o foco iria estar no #33 e preferiu sair. Foi a saída de Ricciardo que abriu a porta à entrada de Alex Albon, um ex-Red Bull Júnior Team que regressou à equipe, que agora tem a oportunidade de mostrar o que vale na equipe principal, mas que terá a vida dificultada pois será sempre comparado à referência Verstappen.
Por causa de Verstappen, a equipe “perdeu” Kvyat, Gasly, Ricciardo e Carlos Sainz. Sainz não teve dúvidas em sair da Red Bull e procurar outras paradas, pois sabia que o foco estaria em Max. Está agora numa posição muito confortável, numa equipe com grande potencial e na melhor forma desde que chegou à F1. Por causa de Verstappen foram vários os pilotos a serem excluídos, despromovidos, o promovidos demasiado cedo.
Verstappen é figura central da Red Bull dentro e fora de pista. E isso acontece porque ele é o único grande talento e a Red Bull apostou as fichas todas nele. Não há ninguém nos próximos anos que possa suceder-lhe na equipe e por isso está numa posição de força dentro da estrutura. A Red Bull fará de tudo para o manter satisfeito. Pilotos como ele surgem muito raramente, mas será que vale a pena comprometer um programa que, apesar de cruel tem sido bem sucedido, por causa dele?
O que acontece se Verstappen sair? Se a Mercedes ou a Ferrari perderem a cabeça e colocarem números gordos em cima da mesa e a garantia óbvia de investimento forte na evolução dos carros. A Red Bull mostra agora muito potencial, mas será que tem condições para lutar a curto prazo pelo título? Se Verstappen sair (cenário improvável agora) ficará um vazio na equipe que terá forçosamente de recorrer a pilotos de fora . E dos 12 pilotos que guiaram pela equipa, apenas Mark Webber e David Coulthard não vieram do programa de jovens da Red Bull.
Se ele sair para outra equipe, a Red Bull vai perder muito. O talento do holandês é enorme, e seca tudo o que está à sua volta. Esta aposta tão forte apenas será justificada se a Red Bull voltar aos títulos com Verstappen. Uma aposta que aparentemente justifica o risco. Mas só o tempo dirá se realmente será esse o caso e que consequências ficarão da sua passagem pela equipe.
Pode sim porque não, a Honda já passou da hora de entregar aquele motor campeão e a Red Bull, carro não falta. Como Vettel, tudo pode voltar.