Moody’s vê risco de crédito de bancos de montadoras
Relatório da agência de classificação de risco Moody’s divulgado nesta segunda-feira (14) aponta para o aumento nos riscos dos créditos concedidos por bancos de montadoras, após a queda nas vendas de veículos no primeiro semestre no Brasil e a revisão negativa nas estimativas para 2014. Citando bancos como os da GM, PSA (Peugeot Citroën), Ford e Renault, a Moody’s classifica esse cenário como negativo para as chamadas instituições financeiras “cativas” do setor automotivo, por conta da redução nos financiamentos e, consequentemente, dos ganhos desses credores.
O relatório ressalta ainda que as instituições financeiras das montadoras provavelmente tentarão compensar a queda na produção e das vendas com o aumento dos prazos dos financiamentos, bem como a redução do valor de entrada, para atrair possíveis compradores no segundo semestre. Mas essas duas ações, segundo a Moody’s, só aumentariam os riscos dos financiamentos.
Dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) divulgados semana passada apontam uma queda de 16,8% na produção e de 7,8% vendas internas de veículos nos seis primeiros meses de 2014, ante igual período de 2013. A Anfavea revisou ainda as estimativas, antes positivas para o setor em 2014, para quedas de 10% na produção e de 5,4% nas vendas ante 2013.
O relatório da Moody’s avalia que a alta recente na taxa básica de juros aumentou o custo para os bancos em geral, que foram obrigados a ampliar suas taxas de crédito. Essas ações para preservar as margens das financeiras prejudicaram a demanda por financiamento de veículos. No período de 12 meses encerrados em maio, o volume de financiamento para o setor caiu 2,7%, ante igual período anterior, para R$ 188,1 bilhões, segundo dados do Banco Central.
Com a queda, os bancos de montadoras, segundo a agência, tenderiam a oferecer taxas mais atrativas por serem subsidiados pelas companhias que produzem os veículos. Mas, de acordo com o Banco Central, essas taxas subiram de uma média de 1,24% para 1,41% ao mês no período de um ano encerrado em maio, após um período de três meses de estabilidade.