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Nissan quer quebrar marasmo de cores de carros à venda no Brasil

Carros no Brasil são monocromáticos. Quero mudar isso’, afirma designer.

Conceito pensado para o país utiliza cor com ‘pigmento solar’.

Nissan afirmou, durante inauguração de seu estúdio de design no Rio, que deseja trazer mais cores para os carros que serão comercializados e desenvolvidos no Brasil. Segundo o vice-presidente de design da montadora, o japonês Taro Ueda, o consumidor brasileiro se difere dos demais por ser monocromático. “Usam poucas cores nos carros. Eu gostaria de mudar isso”, afirma.

“Realmente os carros aqui são bastante monocromáticos, mas a gente tem a intenção de trazer mais cores, sim”, completa Claudia Neves, Design de Cor e Design Estratégica da Nissan. “Podem aguardar surpresa porque a gente vai trazer mais em relação a isso [cores]”, promete.

A designer entende que o predomínio de cores básicas como preto e prata no país se deve ao fato de que essas cores são mais bem aceitas na hora de passar o carro para frente.

“Ao meu ver, a questão da falta de cor tem muito mais relação com a revenda (a cor influencia o valor do produto). Isso é muito forte no Brasil”, observa. “Mas se a gente olhar para trás, nas décadas de 70, 80, tinha muita variedade de cor. A gente acaba esquecendo um pouco isso quando olha para o mercado atual. Então, eu não vejo que a gente tenha uma não aceitação de cor no Brasil, ao contrário.”

‘Pigmento solar
Claudia compõe com outros três especialistas o time que trabalhará no espaço instalado na sede da Nissan no Brasil, no Centro do Rio. Lá está o carro-conceito Extrem – que foi mostrado no Salão do Automóvel em 2012. Segundo a designer, ele é uma amostra de como é o olhar da marca sobre as cores no país. Sua tinta possui um pigmento especial que dependendo do ângulo da luz, brilha em cores diferentes, e todas na tonalidade do sol, como amarelo, laranja e avermelhado.

Vice-presidente de Design da Nissan Américas, Taro Ueda (Foto: Divulgação / Nissan)
Vice-presidente de Design da Nissan Américas,
Taro Ueda, posa com o crossover Extrem
(Foto: Marco Antônio Teixeira / Divulgação / Nissan)

 

“Ele foi desenhado exclusivamente para o Brasil. Foram meses de pesquisa, ele não veio por acaso. Esse pigmento especial foi um ‘pigmento solar’ que representa isso: a coisa multicultural do Brasil, o mix. Então, a gente tem uma série de estudos para trazer inovação com a cor, com relação a materiais, e criar coisas exclusivas para o Brasil”, completa.

Por ora, a Nissan diz que não tem planos de produzir e lançar o Extrem, mas diz que o crossover (mistura de SUV com minivan e sedã) representa o primeiro trabalho da montadora pensando no mercado brasileiro.

Versa
No início do ano, a Nissan inaugurou a segunda fábrica no país, em Resende, no Sul Fluminense, onde passou a produzir o hatch compacto March, que até então era importado do Mèxico. O próximo passo será nacionalizar o sedã Versa, ainda neste ano. Questionada pelo G1, Claudia não descartou que Versa “brasileiro” já incorpore as novas cores que a marca pretende lançar no país.

Segundo ela, a montadora está fazendo uma série de pesquisas sobre como é o comportamento do consumidor e as cores a serem oferecidas poderão ser diferenciadas de acordo com o público-alvo e o modelo do carro.

March e Versa são os modelos de entrada da marca no país, alvos de um público que as montadoras costumam considerar mais conservador. Atualmente, eles são oferecidos em 6 cores, incluindo as tradicionais branca, preta, vermelha, cinza e prata – a única diferente é um azul metálico, tipo de pintura que costuma ser mais cara.

 

Engenharia x design
Ueda, que veio ao Brasil para a inauguração do centro de design, comentou sobre a constante disputa entre equipes de engenharia e de design no desenvolvimento de novos veículos, para conseguir que o produto tenha apelo visual, mas atenda às exigências do mercado.

“Às vezes é ótimo, às vezes, não. Sempre temos uma grande distância entre designs e engenheiros. Devemos entender como administrar o estilo, mas projeto a projeto, é muita discussão”, reconhece.

“Temos que ver como administrar isso. E os engenheiros também pensam em como podem apresentar uma solução quanto ao estilo. Então, cerca de 50% talvez possamos administrar bem, mas outros 50%, vamos brigar”, diz o designer. “Não podemos comprometer a questão do design. Aí tem uma comunicação que deve acontecer.”

Segundo Ueda, o espaço no Rio foi criado para que os designs da Nissan desenvolvam um estudo para identificar “os gostos e as necessidades do consumidor brasileiro em relação ao design”. A montadora diz que esse aprendizado poderá influenciar os desenhos dos próximos carros feitos globalmente, não só para o mercado brasileiro.

 

 

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