Quando Valentino Rossi deixou a Ducati, quase ninguém apostaria que aquele piloto ‘derrotado’ pudesse um dia voltar à briga pelo título, mas o italiano encontrou sua velha forma e hoje aparece como um dos principais candidatos ao título da MotoGP.
O caminho de volta à ponta não foi fácil e exigiu muito esforço. O primeiro passo, claro, foi voltar ao ponto de referência, a um porto seguro: a Yamaha YZR-M1. Nos braços de seu amado protótipo, Rossi, aos poucos, foi encontrando seu ritmo e o desempenho na reta final da temporada 2014 já era uma amostra do que viria pela frente.
Para a temporada 2015, a casa de Iwata surgiu com uma moto excelente, a melhor dos últimos anos, e deu a Rossi e a Jorge Lorenzo as melhores armas para a disputa do título. Na abertura do Mundial, no Catar, Valentino se mostrou extremamente competitivo e, mesmo depois de uma largada ruim, bateu Andrea Dovizioso para garantir o triunfo na última volta.
Na sequência, o campeonato desembarcou em Austin, no Texas, onde Márquez conseguiu manter sua invencibilidade. O #46, entretanto, se manteve no pódio, mas, desta vez, em terceiro, após ser batido por Andrea Dovizioso.
A chegada na América do Sul trouxe uma das provas mais espetaculares da temporada, com Rossi acertando em cheio na escolha de pneus na Argentina para caçar Márquez por mais de 20 voltas. O jovem bicampeão acabou se afobando na hora da disputa, errou e caiu, deixando o italiano sozinho para receber a bandeirada na ponta pela segunda vez em 2015.
O desembarque na Europa, porém, trouxe uma mudança no panorama do Mundial. Depois de um início de temporada irregular, marcado por uma atípica falha no capacete e uma crise de bronquite, Lorenzo ressurgiu e vencer — de forma seguida — as etapas de
Espanha,
França,
Itália e
Catalunha.
Os triunfos seguidos do #99 tiveram características semelhantes, com o piloto de Palma de Mallorca disparando na ponta sem dar chances aos rivais. Outro ponto comum foi a presença de Rossi no pódio. Com dois terceiros lugares — em Jerez de la Frontera e Mugello — e dois segundos — Le Mans e Montmeló —, o italiano conseguiu manter sua liderança na classificação e seguiu para a Holanda de olho em aumentar sua vantagem.
Só nos giros finais, no entanto, o piloto da Honda decidiu agir. Em um ataque na volta final, o espanhol acabou tocando o #46, que não teve opção a não ser cortar a chicane para receber a bandeirada na ponta. Alheio à polêmica, Lorenzo completou a prova em terceiro.
Na
Alemanha, última prova da primeira parte da temporada 2015, Márquez tirou proveito do chassi de 2014 da RC213V, trazido à baila para tentar minimizar o impacto da característica nervosinha do motor, e voltou a vencer, encerrando a sequência vitoriosa da Yamaha com uma dobradinha da Honda.
Na
Catedral, Rossi e Márquez colocaram os sinos para tocar com um confronto épico, daqueles que entram para a história do Mundial. Partindo da pole, Valentino fez uma boa largada, mas foi pressionado por Márquez o tempo todo.
Apesar dos vencedores diferentes nas primeiras nove provas do ano, uma coisa foi sempre constante: a presença de Rossi no top-3.
Graças à sua grande consistência, Valentino, que é o único piloto a ter estado no pódio em todas as provas de 2015, foi capaz de manter a liderança do Mundial e hoje tem 13 pontos de vantagem para Lorenzo na classificação. Andrea Iannone aparece em terceiro, com Márquez e Dovizioso fechando o rol dos cinco primeiros.
Com 225 pontos ainda em jogo, o Mundial segue completamente aberto, mas Márquez e Iannone, por exemplo, não dependem apenas de sua própria competência.
No caso do piloto da Ducati, embora a GP15 seja um avanço claro em relação à sua antecessora, a moto de Borgo Panigale ainda precisa melhorar um bocado antes de poder subir ao topo do pódio. O título, então… Esse é um sonho ainda mais distante.
Marc, por sua vez, tem uma condição um pouquinho melhor, mas a RCV de hoje não é a mesma de outrora. Márquez já mostrou que é bem possível vencer nove vezes seguidas, mas o Mundial de 2015 é bem diferente daquele do ano passado.
Das pistas que restam pela frente, Indianápolis é mais favorável a Honda, que venceu em Indiana nos últimos cinco anos. Brno, por outro lado, é um cenário mais adequado à M1. Lorenzo é forte em Silverstone e Rossi, especialmente, sabe aproveitar como ninguém a força da Yamaha em Misano. Em Aragão, Motegi, Phillip Island, Sepang e Valência, a coisa fica mais equilibrada entre as duas fábricas.
Ainda assim, a menos que uma hecatombe atinja o time de Iwata, o título de 2015 deve ficar nas mãos de Rossi ou Lorenzo. E na briga interna da Yamaha, é bem difícil apontar um favorito.
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