Um lobo na pele de DiCaprio.
O novo filme do diretor Martin Scorsese abusa do direito de ser ousado
Texto: Eduardo Abbas
Para muitos, o diretor tinha abandonado de vez os seus estereótipos violentos e cheios de situações que mostram a pior face do ser humano quando dirigiu e produziu A Invenção de Hugo Cabret (GK Films, Infinitum Nihil, Paramount), indicado a 11 estatuetas do Oscar e vencedor de 5 delas. Mas parece que o indomável cineasta não se contenta em fazer apenas filmes para todas as idades, os adultos realmente são o objeto de desejo do diretor.
De todos os personagens retratados em seus filmes, talvez Scorsese tenha equiparado o personagem Jordan Belfort (Leonardo DiCaprio) ao perturbado Travis Bickle (Robert De Niro) de Taxi Driver (Columbia Pictures), criando assim um misto de bom garoto mas com muitos, muitos problemas. O resultado é que a fórmula deu certo e DiCaprio já ganhou o Globo de Ouro de melhor ator e de quebra teve indicação ao Oscar desse ano.
Com estréia marcada nos cinemas brasileiros para dia 24 de janeiro, O Lobo de Wall Street (Red Granite Pictures, Appian Way Productions, Sikelia Productions Emjag Productions, Paris Filmes) chega realmente para abalar as estruturas dos que ainda acreditavam em glamour e honestidade no mundo dos negócios na selva Yankee. Longe de ser uma comédia, mas com cenas engraçadas, o filme é baseado na história real de Jordan Belfort, um corretor de títulos da bolsa norte-americana. A loucura começa quando, durante o dia ele ganhava milhões de dólares por minuto, e nas noites gastava com sexo, drogas e viagens internacionais. Dinheiro, poder, mulheres e drogas nunca eram suficientes, porém, suas artimanhas e a vida corrupta levaram-no para a prisão, onde ficou por 20 anos por fraudar investidores – num esquema que envolveu pessoas de praticamente todo o sistema bancário norte-americano.
As atuações são densas e tem um enorme grau de dificuldade dos atores em vários momentos, tudo isso se deve a mão firme e precisa do diretor, que, segundo informam os produtores, esteve presente em 98% das cenas do filme, mesmo aquelas em que estar lá não faria muita diferença. Talvez por isso, a sua presença no set e a ausência na ilha de edição tenham de certa maneira comprometido a montagem final. Em alguns cortes nas situações chaves, os mesmos eram, digamos, amadores. Em algumas cenas, o tal “fotograma a mais” incomodou quando os personagens estavam em uma conversa em que tudo parecia vir à tona. Mas nada que comprometesse o todo, muito pelo contrario, o filme tem todas as condições de conquistar prêmios importantes na cerimônia da academia, já que está indicado a Filme, Ator, Ator Coadjuvante, Diretor e Roteiro Adaptado.
Tirem as crianças da sala, é um programa para adultos que gostem do tema, é forte, violento, tem muita gente pelada, tem muito uso de drogas, tem vários palavrões, tem situações vexatórias, é engraçado em alguns momentos, e explora tudo ao extremo. Não é um filme para ser unânime, é de se amar ou odiar. Viva a liberdade de expressão!
A gente se encontra na semana que vem!
Beijos & queijos
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