Julio Campos e Pizzonia não podem errar em Salvador.
Conjugar a velocidade necessária com os cuidados redobrados exigidos em uma pista de rua, cercada pela ameaça permanente dos muros, é o desafio dos pilotos no Grande Prêmio da Bahia, rodada dupla deste sábado na região do CAB e penúltima etapa da temporada da Stock Car. Com a classificação embolada e depois restando apenas o encerramento do calendário no próximo dia 30 em Curitiba, um acidente que complique o fim de semana pode ser desastroso para aqueles que lutam pelo título, como é o caso de Júlio Campos e Antônio Pizzonia, da Prati-Mico’s Racing, respectivamente 5º e 6º colocados na tabela de pontos.
A quinta-feira foi marcada pela montagem da estrutura dos boxes no Centro Administrativo da Bahia. Os mecânicos trabalharam no ajuste dos carros para um traçado completamente diferente da veloz pista de Tarumã (RS), onde Campos e Pizzonia venceram as duas corridas, enquanto pilotos e chefes de equipe se revezaram no reconhecimento dos 2.274 metros de avenidas por onde passarão os 34 carros. “Uma batida num muro a 50 km por hora aqui causa o mesmo prejuízo que uma pancada a 200 nos pneus em um autódromo”, lembra o uruguaio Juan Carlos “Mico” Lopez, o primeiro chefe de equipe a subir duas vezes ao alto do pódio no mesmo dia desde a introdução do formato de rodada dupla neste ano.
“Mico”, que tem um 2º lugar como melhor resultado na capital baiana, sabe bem do que está falando. “Em 2013, o Campos avisou pelo rádio que havia raspado no muro, mas que o choque havia sido leve. Quando ele chegou aos boxes, vimos que o trabalho seria muito maior que o imaginado para fazer os reparos. Não existe pancada simples em pista de rua”, garante. Com o excelente desfecho de Tarumã, a Prati-Mico’s Racing assumiu a vice-liderança de equipes, a apenas quatro pontos da Full Time.
Vivendo sua melhor temporada na categoria, “Mico” veio a Salvador com uma meta clara: reduzir os atuais 18,5 pontos que separam Campos do líder Rubens Barrichello (Full Time). “Queremos ir para a decisão na melhor condição possível, porque Curitiba é nossa casa”. Campos, por sua vez, tem oito de frente sobre o parceiro Pizzonia. Com estilos diversos de pilotagem, eles pediram ao diretor-técnico que ajustasse os carros de acordo com as preferências pessoais. “Campos quer um carro melhor no contorno das curvas, enquanto o Pizzonia prefere um mais firme nas freadas. Aqui é ao gosto do freguês”, brinca.
Um complicador adicional, e que tradicionalmente dá o ar da graça em Salvador, é a chuva. Hoje, por exemplo, caiu uma pancada forte pela manhã, mas durante a tarde o tempo se manteve firme apesar das nuvens. “É preciso estar na hora certa no lugar certo em Salvador, porque uma chuva rápida pode mudar tudo. Não é uma pista onde o melhor carro tenha uma segurança de vitória”, diz. Por causa das dimensões reduzidas do local, o reabastecimento foi cancelado nesta etapa, e até mesmo a obrigatoriedade de troca de pneus deveria ser reavaliada no briefing entre a direção de prova e os chefes de equipe.
Os carros entrarão na pista a partir das 8h15 de amanhã para o shakddown e as duas sessões de treinos livres.