FIA WEC: Ferrari acusa Aston Martin, Ford e Porsche de concorrência desleal.
O diretor da Ferrari GT Racing veio a público afirmar que o Balance of Performance (BoP) da marca italiana não lhe permitiu lutar de forma justa com a Aston Martin pelo título de pilotos da categoria GTE-Pro, que no Bahrain foi bater às mãos de Nicki Thiim e Marco Sorensen, ao volante do carro nº 95.
Apesar de ter conquistado o título de construtores (de forma fortuita, já que beneficiou dos problemas sentidos pelo Vantage nº97 de Darren Turner e Jonathan Adam), Antonello Coletta disse que a impossibilidade de a Ferrari desafiar a Aston Martin neste fim de temporada deve-se ao BoP, classificando os carros britânicos como imbatíveis.
“Foi uma temporada muito difícil. Nas primeiras corridas a nossa velocidade não era clara, porque alguns dos nossos rivais estavam escondendo alguma coisa. Depois saímos de Le Mans sem marcar qualquer ponto”, referiu, numa rusga à Ford e à Aston Martin.
“Depois disso, a Ferrari nunca teve um BoP que nos permitiu lutar nos mesmos termos. Vencemos em Nurburgring, mas tal deveu-se mais à estratégia do que à velocidade. As outras provas foram uma tragédia. Apesar de termos chegado ao Bahrein com 10 pontos de vantagem, não esperávamos vencer o título. Não era possível bater os Aston. Falei com um piloto dos LMP2 que me disse que ele não conseguia ultrapassar o Vantage na reta de largada quando procurava ultrapassá-lo.”
Coletta alertou ainda para a tendência cada vez maior dentro dos GT para montadoras que inscrevem modelos que foram desenhados em primeiro lugar com vista às corridas, em vez de convertem carros de produção em série em máquinas que possam desempenhar esse papel. O dirigente italiano adiantou que os organizadores do campeonato deveriam impor “regras muito restritas” que sejam “iguais para todos” — outra crítica com a Ford debaixo de olho, que inscreveu o GT em 2016 apesar de a produção do modelo ainda não ter arrancado, ao passo que a Porsche se prepara para entrar novamente de forma oficial na classe, em 2017, com um 911 RSR com motor central e não traseiro, e que por esse modo não deriva diretamente da versão de estrada.
“Tivemos o cuidado de ler as regras e de as interpretar. Tendo como base o nosso 488 iniciamos o nosso trabalho, tornando-o competitivo para participar em corridas. Outros fizeram protótipos, e ainda hoje estamos à espera de ver o número mínimo de versões de estrada que serão produzidas. E depois ainda há os que fizeram um carro que nunca veremos na estrada. Existe algo que não está a funcionar. É tempo de nos sentarmos e estabelecermos um conjunto de regras muito específicas e restritas. É bom que haja novos construtores, mas as regras têm de ser iguais para todos. Não podemos nos manter passivos quando existem marcas que surgem com carros que são distorcidos ou muito diferentes do que deviam ser”, concluiu.