Eventos corporativos

Demonstração de carro autônomo valoriza Seminário de Eletroeletrônica da AEA.

A  AEA – Associação Brasileira de Engenharia Automotiva promoveu na última quinta-feira, 15 de maio, o XVI Seminário de Eletroeletrônica – A Inteligência Embarcada no Mercado Automotivo, Desenvolvimento e Validação de Software, Base no Veículo Conectado e Autônomo, no Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), em São Caetano do Sul (SP). Como diferencial, demostrou ao público presente o funcionamento de um carro autônomo, o Carina, desenvolvido pela Universidade de São Paulo, em São Carlos (SP).

 

Em uma área reservada no campus do IMT, o Carina mostrou que o carro autônomo será uma realidade. “Pode ser que o carro autônomo demore a ser realidade, mas tecnologias empregadas podem supervisionar a condução atual dos humanos, acrescentando segurança e, em casos extremos, atuação autônoma para evitar ou diminuir a gravidade dos acidentes, em especial devido à distração ou imprudência”, diz Ricardo Takahira, membro da comissão técnica da entidade e organizador do evento.

 

As palestras do Seminário de Eletroeletrônica da AEA deram início após o presidente da entidade, Antonio Megale,  destacar o papel da eletrônica na indústria automotiva e a importância de sua evolução para a segurança, autônoma, controles e auxílio na condução.  “É fundamental que estejamos engajados nesse processo, com capacidade de desenvolvimento, formação, envolvimento em laboratórios e empresas”, disse o presidente.

 

Em complemento às boas vindas, o superintendente de Planejamento e Desenvolvimento do Instituto  Mauá de Tecnologia, Fabio Bordin, demostrou a base da filosofia da instituição de ensino do IMT para continuar contribuindo com a qualidade na inserção da mão de obra qualificada.

 

“Nosso grande desafio é criar soluções inovadoras dentro de um cenário misto que envolve as duas indústrias – automotiva e de infotainment”, disse Nilo Faber Neto, gerente de Negócios do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (C.E.S.A.R.) em sua palestra “A Ge.N.Te no Carro”.

 

O gerente acredita que os carros conectados serão o primeiro passo para a redução de acidente de trânsito. “Ele precisa ser amigável, a extensão dos nossos olhos e ouvidos, detectar a desatenção, sonolência e ainda a emoção do condutor”, contou Faber Neto.

Para se ter uma ideia, atualmente 80% dos acidentes nos EUA já são causados por distração. Já no Brasil, 72%. “É preciso que haja uma comunicação entre os veículos com ciclistas e pedestres para proporcionarmos melhorias na segurança” diz o gerente.

 

Na apresentação “Metodologias Ágeis de Desenvolvimento para Software Embarcado como Diferencial”, Hayram Nicacio, responsável por Projetos e Consultoria na Opencadd, levou ao público uma perspectiva de custo quando o assunto é eletrônica embarcada no automóvel. De acordo com ele, “90% da inovação está relacionada a eletrônica embarcada e estima que 40% do custo de peças em um veiculo em 2010 foi destinada para esta área e a tendência é aumentar”. Nicacio ainda acrescentou que 13% do custo total de um veiculo em 2010 foi voltado ao software e que as montadoras gastam de 2 a 3 bilhões de dólares por ano corrigindo falhas de software.

 

O programa Inovar-Auto também foi pauta em palestra “Visão aos Desafios do Inovar-Auto, Busca da Competitividade Local e Internacional, Primeiros Resultados e Práticas”, ministrada por Gilmar Lagnier, gerente de Desenvolvimento de Negócios – Inovar-Auto/Fiat.

 

“Nosso desafio é entender o programa na perspectiva capaz de gerar soluções válidas para aumentar a competividade da empresa local e internacional”, disse o gerente. Nos conceitos básicos, o programa incentiva a Pesquisa e o Desenvolvimento, com pesquisa básica, aplicada, desenvolvimento experimental e segurança passiva, e ainda a Desenvolvimento de Engenharia, com tecnologia industrial básica, construção de laboratórios, desenvolvimento de ferramental e produtos, treinamentos e capacitação de fornecedores.

 

O painel II – Validação Orientada à Software teve início com novidades para testes de conformidade e depuração, demonstrados por Rodrigo Vicentini, engenheiro de Aplicações da Agilent Technologies em apresentação “Solução para Teste de Conformidade do Protocolo CAN”.

 

Já o técnico sênior de Testes de Propulsão da Alstom Brasil Energia e Transporte, Sergio Matsudo, em palestra “Desenvolvimento de um Sistema Autônomo de Registro de Dados” exibiu um projeto de tração, incluindo diferentes sistemas, especificações, simulação computacional e validação.

 

O objetivo do projeto, de acordo com Matsudo, é registrar informações durante a sua operação por meio um sistema de aquisição de dados flexível, hardware de volume reduzido com autonomia de registro de informações para o funcionamento autônomo e a consequente confiabilidade.

 

Por fim, o engenheiro de Sistemas de Controle de Potência da Vale Soluções em Energia, Marcos de Lemos, em palestra “Técnicas Ágeis de Desenvolvimento Versus V Model e Waterfall Soluções em Validação”, apresentou a Vale Soluções, localizada em São José dos Campos/SP, incluindo sua estrutura de ponta para o desenvolvimento de novos produtos e tecnologias voltados aos veículos elétricos, híbridos e sistemas de armazenamento e gerenciamento de energia.

 

Carro Autônomo – Três diferentes projetos desenvolvidos por instituições de ensino, localizadas em diferentes pontos do País foram apresentadas durante o Painel III – Veículos Autônomos. Em “Mapeamento e Localização de Veículos Autônomos”, o professor da Universidade Federal do Espírito Santos UFES, Alberto Ferreira de Souza, apresentou o Iara, carro autônomo cujo projeto surgiu após o interesse da faculdade pela cognição visual, ou seja, a capacidade de compreensão do mundo e das ideias por meio da visão.

 

No contexto localização, o professor apontou a necessidade de um GPS de alta precisão (erro na margem de 5 cm). Contudo, prédios, árvores e outros tipos de interferências provocadas pela infraestrutura afetam fortemente os sistemas de navegação. “A solução é usar um mapa com ambiente de interesse, sensores e algoritmos capazes de localizar o robô neste mapa”, disse Souza.

 

O Cadu, carro autônomo apresentado durante a palestra “Sistemas de Visão Estéreo”, ministrado por Guilherme Pereira, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), utiliza sistema de visão estéreo, composto por duas câmeras sincronizadas ligadas a um computador que faz o processamento de imagens, enviando informações sobre os obstáculos.

 

Mais acessível do que o sistema a laser, este funciona como controle de cruzeiro adaptativo que mantém a distância do obstáculo permitindo o carro realizar uma frenagem de emergência ou ainda contribuir com o sistema de colisão de pedestre e condição pelas faixas da via.

 

Entre as vantagens, destaque para o baixo custo, baixo consumo de energia e grande quantidade de informações captadas quando comparado com outros sistemas de medição à distância. No entanto, o professor da UFMG destaca que trata-se também de um custo computacional mais elevado.

 

O professor Denis Wolf, do Instituto de Ciências Matemáticas e Computação, da USP/São Carlos, além de ter exibido na prática o Carina 2, projeto de carro autônomo liderado por ele, ministrou palestra “Sistemas Inteligentes para Navegação Autônoma”. Entre as metas com a automação estão a segurança, dirigibilidade, replicabilidade e estética. O Carina, que já percorreu pelo Campus da Universidade e ainda por São Carlos (SP), sob a monitoração dos estudantes, do próprio Wolf e agentes de trânsito da cidade, foi automatizado e conta com sensores, laser a câmeras estéreos.

 

“Nossa próxima etapa consiste na aquisição de um outro veículo, projeto Carina 3, que usará recursos atualmente indisponíveis em nosso veículo, como o uso de sensores de baixo custo, desenvolvimento de funcionalidade mais sofisticadas e testes em situações mais complexas”, disse Wolf.

About Author

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *