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Avaliação da Semana – O Nissan Kicks S acerta em cheio o público atraído pelos SUVs compactos.

Caros amigos internautas, como foram neste carnaval? Nesta semana apresentamos a avaliação do Nissan Kicks S onde andamos com ele pelo litoral paulista e visitamos belíssimas paisagens. Mas como vamos falar desta excelente pedida, o Nissan Kicks S, deixaremos a parte de turismo para o nosso portal “Requinte & Sofisticação”.

 

Primeiramente gostaria de parabenizar o pessoal da Nissan, que acertou em cheio a expectativa dos consumidores por um carro SUV com câmbio automático e com um preço acessível.

 

A aposta da Nissan no segmento de utilitários compactos no Brasil se mostrou bem-acertada, apesar da crescente concorrência nesta categoria. Nosso País foi o primeiro a receber o Kicks em agosto de 2016, inicialmente importado do México – chegamos a tê-lo disponível nas concessionárias antes mesmo dos mexicanos. A partir de 2017, o modelo começou a ser produzido em Resende (RJ), e ganhou uma gama mais abrangente de versões e equipamentos.

 

Sem depender das cotas de importação, o Kicks finalmente alcançou volumes de vendas que rivalizam com os principais oponentes. Uma das novidades do catálogo 2018 é justamente a unidade desta avaliação, a S CVT 1.6.

Esteticamente, ainda que se trate da versão de entrada, o Kicks chama a atenção, com suas linhas atraentes. As rodas de 16 polegadas em dois tons (anteriormente aplicadas aos modelos mais completos do Versa; o sedan, por sua vez, passou a adotar novo jogo de rodas para o modelo 2018) dão mais presença em relação à opção manual, com calotas de 16 polegadas. Mesmo sem pintura em dois tons, reservada à versão SL, as colunas com apliques pretos e as barras de teto prateadas dão um toque mais estiloso ao modelo.

 

Por dentro, o Kicks traz visual moderno e convidativo aos ocupantes. O volante tem boa pegada, base achatada e é ajustável em altura e profundidade, sem a coluna despencar. No raio esquerdo estão os comandos de som e telefone, iluminados.

 

Objetivo, o quadro de instrumentos traz conta-giros e velocímetro analógicos, com as demais informações na tela monocromática ao centro: nível de combustível, posição do câmbio, autonomia e as informações alternáveis no computador de bordo: consumo médio, gráfico de consumo instantâneo e as distâncias percorridas A e B. Uma haste giratória junto ao velocímetro regula o brilho dos instrumentos, enquanto a alternância das informações se dá por botão à esquerda no painel, junto ao botão de ativação/desativação dos controles de tração e estabilidade.

 

A chave, seguindo os anseios dos brasileiros, é do tipo canivete, com a haste metálica similar à da chave simples dos irmãos March e Versa. Traz os botões de travamento e destravamento, além do acionamento da buzina. Curiosamente, o botão de destravamento libera a porta do motorista e, no segundo toque, destrava as outras portas.

As travas das portas são acionadas com o carro em movimento (a 20 km/h) e o destravamento é programado para ocorrer com o carro desligado. Os vidros são elétricos nas quatro portas, mas seguindo uma característica japonesa, só o botão do motorista (simbolizado pela letra “A”) possui iluminação e função um-toque – e para baixo. Menos mal que, ao se desligar e retirar a chave, ainda se pode fechar a janela por 45 segundos caso nenhuma porta seja aberta; há também botão para bloquear os vidros de trás. Os retrovisores externos têm ajuste elétrico. Caso sejam deixados acesos, os faróis se apagam cerca de 30 segundos após o desligamento.

 

Considerando que neste segmento há alguns modelos sem sequer um rádio, ter um sistema de som já é vantagem. Este conta com 4 alto-falantes e fica emoldurado de forma que parece brotar do meio do painel. A tela monocromática exibe informações da música e menus que ajudam a parear o celular via Bluetooth ou fazer os ajustes de som, como graves/agudos ou o aumento do volume conforme a velocidade. Traz também entrada USB e auxiliar, e no console central há duas tomadas de 12 Volts para carregar eletrônicos. Possui botão para escurecer/clarear a telinha e amplo ajuste de volume, mas ao elevar em demasia, tende a distorcer o som.

 

Em termos de acabamento interno, o Kicks segue a escola japonesa de simplicidade nos materiais. As portas são revestidas de tecido, enquanto a faixa central do painel traz um aplique plástico em relevo. O material do forro de teto também é carpete simples, ao estilo do March. Mas o carpete está nos tapetes (com base de borracha e ganchos na região do motorista para evitar o escorregamento para os pedais) e também entre os bancos, minimizando a chance que pequenos objetos caiam. Outros detalhes comuns ao irmão de plataforma (V) são o alarme que lembra um despertador para a chave no contato e a posição dos botões na porta do motorista.

 

O Kicks traz bom espaço para quatro adultos e uma criança graças aos 2,61 metros de entre-eixos, com área suficiente para os mais altos acomodarem pernas e cabeça. Os bancos dianteiros “Zero Gravity” (com ajuste de altura para o motorista) foram desenvolvidos para oferecer maior ergonomia e de fato permitem que o motorista passe horas ao volante numa boa posição de guiar. Atrás, o assento é mais maleável, e há lugar nas portas para colocar latas, além dos porta-revistas nos bancos.

 

No porta-malas, que é aberto unicamente pelo botão na tampa, são 432 litros de capacidade com fácil acesso e ganchos para amarrar cargas. Também é possível rebater parte ou todo o encosto do banco traseiro. A iluminação fica no canto direito. O estepe traz roda de ferro de 15 polegadas, com pneu 185/65, e as outras rodas, de 16 polegadas, usam pneus 205/60. Um vão no canto direito da tampa facilita o ato de fechar o porta-malas e, para ampliar a capacidade, é possível rebater parte ou todo o encosto do banco de trás.

 

Ao dirigir o Kicks, o que o diferencia de cara é a posição de dirigir mais elevada e ergonômica, o que proporciona maior visibilidade no trânsito. Mesmo sem o sensor de ré, que é acessório de concessionária, os retrovisores proporcionam boa visão e o raio de giro é bem curto (10,2 metros), o que facilita muito o estacionamento e o retorno em ruas não tão largas.

 

O motor 1.6 de quatro cilindros e 16 válvulas forma um bom casal com o câmbio automático continuamente variável XTronic CVT, que no Kicks emula seis marchas para quebrar a monotonia comum em câmbios deste tipo (o Honda HR-V não deixa mentir). Tanto com gasolina quanto com etanol, o rendimento é de 114 cavalos a 5600 rpm, e de 15,5 kgfm de torque a 4000 rpm. De alumínio, o HR16DE (código do motor) traz pré-aquecimento do combustível e duplo comando variável de válvulas na admissão e escape, além do acionamento por corrente. O capô possui manta de isolamento acústico.

 

O câmbio CVT traz as mesmas posições dos automáticos tradicionais (P de park para estacionar, R de ré, N de ponto-morto, D de drive), além do Low, usado para situações bastante específicas: quando é necessário o freio-motor em descidas, uma força extra em aclives ou ainda para reduzir a velocidade em curvas; fora destas situações, o uso desta função não é recomendada. Para ter certeza do correto engate de marcha, há o indicador no canto esquerdo do display entre os instrumentos. Por motivos de segurança, a chave fica “presa” no contato enquanto não é colocada a posição P. As trocas são muito suaves, por vezes quase imperceptíveis.

 

Já em relação ao consumo de combustível, esperávamos bem mais do Nissan. Quando pegamos estrada com o modelo em São Paulo (SP) com destino á Ilhabela (SP), o computador de bordo exibia médias impressionantes. Conosco até começou assim, mas já no segundo dia de uso a média caiu para a casa de 9 km/l com gasolina na cidade. Abastecemos em vários postos, sempre com o combustível derivado do petróleo, mas os resultados ao longo de cerca de 100 quilômetros que rodamos – no computador de bordo e na distância efetivamente percorrida – sempre eram de 8,6 km/l nas duas médias urbanas que fizemos. Vale lembrar que, em situação cotidiana, o recomendado é encher todos os pneus com 32 libras. O tanque, com 41 litros, é um lembrete permanente de que o Kicks foi concebido sobre a plataforma V de March e Versa.

 

Na prática, o Kicks passa boa confiança nas curvas rápidas, sem adernar em demasia como é de praxe neste segmento – neste aspecto, lembra mais um hatch do que um SUV. A altura em relação ao solo, de 20 centímetros, é uma das maiores do segmento e permite a transposição dos terrenos urbanos acidentados com facilidade. O esquema de suspensão é tradicional, com conjunto independente McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira, mas com equilíbrio entre estabilidade e conforto.

CONCLUSÃO

Design
O estilo do Nissan Kicks tem personalidade forte, coisa que num segmento cada vez mais concorrido, é cada vez mais relevante. As formas impõem robustez: faróis com ressaltos no topo, grade com um sólido “V” cromado, vincos fortes do teto às portas, linha de cintura alta, traseira angulosa e plásticos pretos nos para-choques e arcos de roda são elementos que dão presença ao estilo do modelo S.
Espaço interno
Dá para convidar as pessoas para sair sem medo: mesmo para quem é mais alto, sobra espaço para cabeça e pernas, para quem senta à frente e atrás. No meio do banco traseiro, o assento é um pouco mais alto e há certa intrusão do túnel, mas este passageiro também conta com apoio de cabeça ajustável. É bom ver que também há vários nichos nas portas e console central para guardar objetos. O porta-malas tem bons 432 litros: os únicos rivais que oferecem mais espaço para bagagem também possuem carroceria maior.
Conforto 
A direção de assistência elétrica, além de ter o peso certo (leve em manobras e mais firme em alta velocidade), possui curto raio de giro – um verdadeiro alívio quando se precisa estacionar em lugares apertados. O ar-condicionado esfria rapidamente a cabine; esta, por sua vez, possui bom isolamento acústico. A suspensão permite encarar pisos ruins com conforto, mas não chega a ser o mais suave do segmento em pisos ruins, para não comprometer a dirigibilidade nas curvas.
Acabamento
É exatamente o ponto forte do Kicks quando o assunto é refinamento dos materiais; por outro lado, não decepciona e não é suscetível a barulhos (“nosso” carro estava com cerca de 11 500 km). Traz muitos plásticos, com texturas e encaixes uniformes. Todos os forros de porta vem com revestimento de tecido e, na parte da frente, há borrachinhas que cobrem o vão onde se encaixam os dedos. A adoção de um “simples” revestimento de couro no volante já melhoraria a experiência ao dirigir. O forro de teto traz carpete simples, mas os tapetes são de carpete, com fundo de borracha.
Equipamentos
A versão S CVT já vem com um pacote satisfatório de itens. Além do que é demandado neste segmento (ar-condicionado, direção elétrica, travas/vidros/retrovisores elétricos, limpador/desembaçador traseiro), há os auxiliares eletrônicos (controles de tração e estabilidade, assistente de partida em ladeiras, freios ABS com auxiliar de frenagem de pânico) e o sistema de som com as principais conectividades (Bluetooth, USB e auxiliar), para não falar do câmbio automático CVT, que muitas vezes é o principal motivo da compra.
Desempenho
Um SUV com desempenho de hatch? Sim! O Kicks, a despeito de trazer motor 1.6 aspirado, rende muito bem quando demandado, especialmente quando o giro do motor está acima de 3 mil rpm. Mérito do menor peso da carroceria frente aos concorrentes, além do câmbio esperto, que entende bem a modulação do pedal do acelerador. Vale também destacar que o comportamento do modelo nas curvas e nas frenagens é mais previsível que a média no segmento.
Segurança
O nível de proporcionado pelo Kicks é condizente com suas características de projeto, apesar de alguns rivais terem avançado na quantidade de airbags desde a versão básica: o Captur traz 4, e o EcoSport, 7. No caso do modelo da Nissan, é preciso pular para a versão intermediária SV e optar pelo pacote que inclui revestimentos de couro para ter os airbags laterais e de cortina. Mas, de toda forma, é alentador o fato do Nissan ter conseguido as 4 estrelas de proteção para crianças e adultos nos testes do Latin NCAP (o Captur tirou 4 estrelas para adultos e 3 para crianças). Traz, ainda, cintos de 3 pontos e apoios de cabeça ajustáveis para todos, controles de tração e estabilidade, além dos freios ABS com EBD e Brake Assist.
Consumo 
Em trajetos majoritariamente urbanos e com gasolina no tanque, nosso consumo de combustível com o Kicks foi parelho ao do Fiat Argo Precision 1.8 – modelo cujo motor é de concepção mais antiga e cuja carroceria é 135 quilos mais pesada. Daí nossa quebra de expectativa com o Nissan, principalmente levando em consideração que os 8,6 km/l obtidos estão longe dos 11,4 km/l estabelecidos pelo Inmetro. Torcemos para que seja uma falta da unidade que avaliamos, já que os relatos sobre consumo de combustível nos grupos do Kicks são otimistas.
Custo-benefício
O Kicks faz jus a toda a atenção que recebe, sendo uma opção que deve ser obrigatoriamente analisada para quem está interessado em um utilitário. Além do estilo atraente, bom pacote de equipamentos de série, amplitude de espaço para passageiros e bagagem (numa carroceria com tamanho ideal para as cidades grandes), o Nissan é genuinamente gostoso de dirigir, por oferecer conforto ao rodar, propiciado pela direção progressiva e câmbio automático, aliado à boa tocada do competente 1.6 e da suspensão com boa calibragem para fazer curvas. Até deu saudade na hora de devolver a chave…

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