Fórmula 1 – A história por trás do GP da África do Sul de 1985.
A história por trás do GP da África do Sul em 1985 pode-se dizer que foi deixado de lado após uma briga política, um evento com tradição no calendário, que foi abandonado após a corrida de 1985 quando a política social discriminatória do apartheid se tornou indefensável.
Bernie Ecclestone nunca gostou de política. Quando um troféu no pódio do Grande Prêmio da Turquia de 2006 foi entregue pelo presidente da República Turca do Chipre, um estado não reconhecido pela maior parte dos países do mundo, a FIA reagiu imediatamente multando os organizadores da prova e quase cancelando o contrato para a prova no ano seguinte. Depois, em 2011, a instabilidade política e social levou ao cancelamento do GP do Bahrein. Mas Bernie Ecclestone gosta de dinheiro, por isso a prova árabe regressou ao calendário em 2012, mesmo com todas as confusões que tiveram lugar desde aí. Há outros exemplos, por exemplo quando Vladimir Putin, Presidente da Rússia, foi ao pódio do GP da Rússia de 2015.
O mundo da F1 sempre procurou viver à margem de marés políticas, fossem elas importantes ou meras questões sociais, mas por vezes o espetáculo não conseguiu escapar incólume. Foi o caso do GP da África do Sul, que durante anos foi parte do integrante do Campeonato Mundial de Fórmula 1, mas que em 1985 levou a machadada final. Depois do período da descolonização africana, o sistema de apartheid, que impunha separação total entre brancos e negros, foi perdendo popularidade e levou à retirada forçada da África do Sul de diversas competições, desde os Jogos Olímpicos aos Campeonatos Mundiais em diversas modalidades tais como, cricket, rugby e futebol.
Foi apenas em 1985 que houve reações no mundo da F1. A prova sul-africana foi a penúltima do calendário e Alain Prost já era campeão. As equipes Renault e Ligier obedeceram à lei francesa e boicotaram a prova, enquanto as autoridades brasileiras pressionaram Nelson Piquet e Ayrton Senna para não viajarem para Kyalami, e a federação sueca quase proibiu Stefan Johansson de correr. Com apenas 21 carros presentes e 18 largando, a corrida não teve grande história e foi dominada por Nigel Mansell. Só depois do final do apartheid, em 1991, é que o GP da África do Sul regressou em 1992 e 1993.
Verão no Hemisfério Sul
Enquanto as corridas europeias paravam no inverno, muitas equipes aproveitavam o verão do outro lado do equador para testar novas soluções técnicas, experimentar novas pistas e ganhar mais alguns prêmios financeiros. Estas corridas geralmente tinham lugar em janeiro e fevereiro, visitando países como a Argentina, Austrália, Nova Zelândia e, a partir de 1960, a África do Sul.
Os países do sul tinham as suas próprias corridas, onde pilotos locais misturavam máquinas de diversas proveniências, incluindo os antigos F1, esporte-protótipos de dois lugares e veículos construídos localmente, que eram denominados ‘the specials’, como o lendário Netuar-Peugeot e os vários LDS, cópias de monopostos europeus construídas por Doug Serrurier.
O GP da África do Sul foi ressuscitado em 1960 depois de décadas de inatividade, integrando um calendário de corridas locais, onde a maior parte dos pilotos eram sul-africanos e rodesianos (do atual Zimbabwé). East London foi o primeiro palco do evento, que logo atraiu pilotos europeus, para em 1962 passar a contar para o Mundial de F1, encerrando a temporada onde Graham Hill foi campeão pela primeira vez. Em 1965, a corrida passou de Dezembro para Janeiro, e dois anos mais tarde trocou de base de operações, mudando-se para o circuito de Kyalami, nos arredores de Joanesburgo. O evento foi apanhado no meio da guerra FISA-FOCA em 1981 e nesse ano não contou para o Mundial.
Ao contrário do que acontecia na América do Sul, raramente os pilotos locais conseguiam impor-se frente às equipes europeias. O único sul-africano a ganhar o Grande Prêmio do seu país foi Jody Scheckter, em 1975, quando era piloto da Tyrrell, depois de ultrapassar José Carlos Pace no início da corrida.
Seguem algumas imagens da prova de 1975: