Stock Car: Rosinei Campos completa 37 anos dedicados ao automobilismo.
Há 37 anos longe da escola onde se formou, um dos mais competentes Chefes de Equipe do automobilismo brasileiro, Rosinei Campos, volta à mesma sala de aula onde esteve como aluno para contar sua trajetória profissional. Ele falará com os alunos do último ano do curso de Técnico em Mecânica de Automóveis do SENAI de Curitiba sobre a vida no automobilismo e o caminho a ser trilhado até lá. “Vai ser uma emoção muito grande. Hoje está tudo diferente, o mercado de trabalho, o ensino, tudo. Lembro do Professor Haroldo e da forma exemplar como ele conduzia o curso. Ele é uma das lembranças mais fortes desse tempo de colégio”, relembra. O evento acontecerá na segunda-feira, dia 02 de dezembro, às 15 horas e contará com a participação de cerca de 500 alunos.
Em 1976, aos 23 anos, Rosinei Campos nem sonhava que se tornaria o que é hoje, um dos chefes de equipe mais competentes e vencedores do automobilismo brasileiro. Recém saído do SENAI, onde cursou o técnico em Mecânica de Automóveis, seu sonho era o de poder exercer a profissão, de forma diferenciada do que o mercado apresentava até então. “Sempre fui organizado, e queria uma oficina que fosse assim, uma referência no mercado pela limpeza, organização e bom serviço”, relembra. Mas ele foi muito mais longe. Aos 58 anos é consagradamente um dos melhores na sua profissão com quatro títulos de melhor equipe da maior categoria do automobilismo nacional, a Stock Car. Esse ano, ele volta à cena disputando mais uma vez o título da temporada. Tímido, ele garante que os holofotes não fazem parte da sua vida. Apenas o trabalho faz. “Cada dia nosso trabalho começa de novo. A vitória só serve para mostrar que estamos no caminho certo, mas não pode nos cegar. Temos que ter consciência que chegar no topo depende de um trabalho sério e ético, mas manter-se no topo é muito mais difícil”.
Muitas coisas mudaram desde o dia da formatura quando Rosinei Campos se despediu dos amigos para seguir sua vida profissional. Logo no início trabalhou com retificação de motores na oficina do Sr. Marcos Curi, mas 1978, apenas um ano depois, já debruçava sobre a primeira experiência na preparação de carros para corrida. O piloto era Raul Boesel que tinha seu Opala correndo na Divisão 1, prova que antecedia a Stock Car. “O Meinha era muito centrado e naquela época os carros eram muito diferentes. Mas já dava para sentir que ele gostava daquilo, entendia de motores e buscava conhecer ainda mais. Foi uma das melhores pessoas com quem trabalhei. Um ser humano incrível e um profissional impar”, diz o ex-piloto.
De lá para cá são 37 anos dedicados ao esporte. Em 1979, quando a Stock Car começou suas atividades no Brasil ele já estava lá, trabalhando em outra equipe. Em 1986 conquistou a primeira vitória com Marcos Gracia. Depois, durante 13 anos esteve na Action Power, de Paulo de Tarso, onde trabalhou com Ingo Hoffmann e conquistou os campeonatos de 1996, 1997 e 1998. “Foram anos incríveis de aprendizado”, lembra Rosinei Campos. Com doze títulos Ingo Hoffmann é o maior vencedor da história da Stock Car. “Ele é um profissional generoso. Apesar do seu conhecimento ele permite a troca, escuta o que o piloto tem a dizer, mesmo que a decisão seja outra. Os resultados mostram quem ele é”, diz o duodecacampeão sobre o seu ex-chefe de equipe.
Em 2000, Rosinei Campos deu um novo passo na carreira ao montar sua própria equipe, a RC Competições. Em 2006, recebeu o patrocínio da Eurofarma, parceria que mantém há 5 anos e já está renovada para 2014. Juntos, a Eurofarma e a RC acumulam 3 títulos de temporada com Cacá Bueno e Max Wilson, além de vice campeonatos, poles, pódios e Corrida do Milhão. No mesmo espaço, ele ainda é dono da equipe RCM, também com títulos importantes na categoria. Mas com todo seu profissionalismo, gosta de deixar claro que são equipes distintas. “Claro que o fato de hoje termos 4 carros competindo facilita a troca de informação, mas cada equipe é uma, com seu patrocinador específico e as particularidades de cada piloto. Na RCM tenho o André Bragantini que cuida de tudo com muita competência”, diz ele. Os pilotos Max Wilson e Ricardo Maurício também nos escondem a satisfação de trabalhar com o Rosinei Campos na Eurofarma-RC. “Já estive em várias categorias, conheci muita gente fora do país, inclusive na F-1, mas poucos com a competência do Meinha”, diz Max Wilson. “E ele tem uma simplicidade que permite a aproximação do piloto, há uma troca, é incrível trabalhar com ele”, finaliza Ricardo Maurício.
Da carreira, ele coleciona histórias. Entre as mais recentes, o título de Max Wilson em 2010. “Chovia muito, ele precisava chegar à frente do Cacá Bueno. A certa altura ele nos avisou pelo rádio que o vidro do carro estava embaçado ele não conseguia enxergar nada. Não acreditava que aquilo pudesse estar acontecendo. Pensamos tem tudo, cuidamos de tudo e um vidro embaçado poderia nos tirar o título. Pedimos a ele que não parasse, que conduzisse o carro até o Box. Vencemos o campeonato, mas foi um dos momentos de maior tensão da minha vida”, lembra.
Essas e muitas outras histórias devem ser resgatadas durante o encontro de Rosinei Campos com os alunos do SENAI. Se para os novatos será um momento de conhecer a trajetória vitoriosa desse Mecânico de Automóveis formado na mesma escola que eles, para Rosinei Campos será um momento para resgatar o adolescente cheio de planos que naquele ano de 1976 olhou pela primeira vez pela janela e sentiu que queria abraçar o mundo. “Não sei se vou conseguir segurar a emoção”.