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Renault corta custo e investe em serviços para chegar a 8% do mercado

Em meio à crise que ainda mete medo na indústria automotiva nacional, há montadoras que encontraram um caminho para ampliar as vendas mesmo neste cenário de retração.

Entre as marcas mais conhecidas do motorista brasileiro, a francesa Renault é a única que tem conseguido apurar crescimento de vendas em carros de passeio e comerciais leves ao mesmo tempo. No primeiro semestre deste ano, emplacou 6% a mais no segmento de automóveis e 14% a mais em veículos leves.

No mercado como um todo, a retração em licenciamentos foi de 7,6% no mesmo período.

Engana-se quem espera uma fórmula mágica de crescimento: os esforços da Renault tem sido dedicados ao aumento da rede de concessionários, às melhorias no pós-venda e a boa e velha redução de custos. “Não estamos aqui para reclamar”, comenta Gustavo Schmidt, vice-presidente Comercial da Renault. A meta é chegar a 8% do mercado automotivo até 2016 – hoje a empresa tem 6,7% das vendas.

Entre 2010 e 2013 foram abertas, em média, 2,7 concessionárias por mês, ampliando a rede de distribuição da Renault de 175 pontos de venda para 275. A meta é manter esse ritmo, encerrando 2016 com 380 unidades. Schmidt explica que estão na mira da montadora os mercados das regiões Norte e Nordeste. “Há três anos seguidos que o mercado automotivo paulista involui”, diz. “Quando você fala do índice de motorização de seis habitantes por veículo, é média brasileira. No Norte e Nordeste, são 15 habitantes por veículo.”

  Gustavo Schmidt, vice-presidente comercial da Renault(Imagem:Reprodução)
Imagem: Reprodução
Gustavo Schmidt, vice-presidente comercial da Renault

Essa necessidade de ampliar a distribuição forçou a Renault a desenvolver novos modelos de loja. Um desses formatos é a Obox, direcionada a cidades pequenas que já dispõem de pós-venda mas não justificam a instalação de uma concessionária.

O concessionário aluga um pequeno espaço, a Renault oferece a estrutura física da loja e ele pode começar a operar sem estoque próprio. “É preciso ter um ponto satélite próximo à estrutura, para fazer a venda.” São nove Obox em operação desde abril, em maio, foram 17 unidades vendidas nessas microestruturas – acima das expectativas.

Outro mecanismo é a Máster itinerante.

O furgão da Renault é adaptado para receber clientes e fica rodando pelas cidades o interior em busca de novos compradores. “A gente se preparou para esses momentos de crise, para atacar o mercado de formas viáveis para o empresário”, explica Schmidt. “Quando o mercado cai, você precisa ter certeza que o investimento do concessionário vai se rentabilizar”

Para as grandes cidades, como São Paulo, o projeto é outro. O Renault Minuto, que já atende serviços rápidos nas concessionárias deverá estar presente também dentro de postos da rede Ipiranga. Esse foi o caminho que a Renault encontrou para fugir dos altos preços no mercado imobiliário. “Eu ganho fluxo do posto e o custo do aluguel fica mais diluído. A ideia é oferecer rapidez, nós não temos tempo para mais nada”, explica. “É um projeto que vai dar uma visibilidade bacana para a marca.”

Renault não tem a intenção de fabricar carro global no Brasil

Por enquanto, quem gosta dos modelos globais ainda não vai ver um Renault em produção no Brasil – trazer a fabricação de um desses para a unidade produtiva do Paraná não está nos planos da montadora. “Nosso alvo é o mercado interno, mas a Renault tem a intenção de se globalizar mais. É um dos objetivos da empresa”, explica.

No domingo (13), foi divulgado o novo modelo do Sandero, o modelo da marca mais comercializado no País, com dois meses de antecedência. A ideia era colocar a novidade o quanto antes no mercado, para sair na frente da concorrência. O hatch foi totalmente remodelado – a exemplo do Logan, que hoje vende duas vezes mais que a versão anterior.

A renovação vem também para acalmar os críticos, que reclamam da falta de inovação da marca – os carros vendidos aqui são projetos feitos pela Dacia e adaptados ao mercado brasileiro. “Sinceramente, acho que é muito preconceito”, lamenta. “O acabamento interno é todo diferente, o motor é diferente, é outro carro.”

No entanto, Schmidt não nega que a importação dos projetos da Dacia escolhidos par ao mercado brasileiro são os mais simples entre os oferecidos nas lojas européias. “Na Europa, a distribuição de vendas por segmentos é muito maior que aqui no Brasil, onde temos o volume maior no segmento compacto”, diz. “Essa escolha está relacionada à renda do consumidor.”

A escolha, mais uma vez, favorece o custo da operação da Renault e a coloca à frente em competitividade. “É óbvio que tem uma redução de custo importante, mas são informações estratégicas”, aponta o executivo.

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