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Prévia mostra recuo de 4% das vendas neste ano.

Depois do recorde no primeiro bimestre, o mercado automotivo brasileiro entrou em rota de queda e já queimou toda a “gordura” acumulada até fevereiro, quando as vendas de veículos registravam crescimento de 4,6%.

 

Dados preliminares, coletados até quarta-feira, mostram queda de 4% dos volumes acumulados desde o início de 2014, revertendo, portando, a curva ascendente dos dois primeiros meses do ano.

A tendência é que essa perda seja reduzida com a aceleração tradicional dos licenciamentos nos últimos dias do mês. Ainda assim, dificilmente o setor conseguirá retornar ao terreno positivo até o fechamento do trimestre, apostam analistas. As montadoras têm três dias úteis para tirar uma diferença de 32 mil veículos em relação ao ano passado.

Neste mês, apesar dos pesados esforços das marcas em campanhas promocionais, as vendas – entre carros, utilitários leves, caminhões e ônibus – estão quase 23% abaixo dos volumes de março de 2013. O desempenho foi prejudicado pelo feriado de Carnaval, que tirou pelo menos dois dias de venda na primeira semana do mês. Fora isso, o consumo perdeu fôlego após o fim dos estoques de carros com as alíquotas antigas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Na média, as montadoras estão vendendo, neste mês, cerca de 2 mil veículos a menos por dia em relação a um ano atrás.

Apesar disso, houve significativa melhora na comparação com o fraco ritmo do mês passado. Até quarta-feira, os emplacamentos de março vinham num ritmo diário ao redor de 12 mil veículos, ante as pouco mais de 10 mil unidades de fevereiro, quando a indústria, porém, se beneficiou de um calendário comercialmente mais longo.

Na tentativa de explicar a acentuada desaceleração da demanda, montadoras e revendas reclamam da seletividade dos bancos na liberação de crédito. Segundo fontes do setor, a cada dez pedidos de financiamento, apenas cinco ou seis recebem o sinal verde das financeiras.

Ao mesmo tempo, o mercado de veículos pesados, após apresentar forte recuperação em 2013, voltou a cair neste ano. Em março, os emplacamentos de caminhões caem 32,5% na comparação anual, ainda segundo os números preliminares.

A queda na indústria de pesados – que já causou paradas de produção em fábricas da Mercedes-Benz, da Ford e da Scania no ABC paulista – é atribuída à demora na regulamentação das novas regras do Finame, a linha de financiamento para bens de capital que oferece as taxas de juros mais baixas do mercado. Também há queixas sobre a lentidão do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), operador da linha, na liberação do financiamento.

Analistas já aguardavam a acomodação do mercado de veículos diante do cenário de retirada de estímulos fiscais, com alta de juros e menor propensão ao gasto por um consumidor mais endividado e menos confiante na economia.

O desempenho dos dois primeiros meses de 2014, quando mais de 546 mil carros foram vendidos, surpreendeu aos mais pessimistas, mas o mercado foi perdendo ritmo à medida que se esgotavam os estoques de veículos com o IPI mais baixo. Para a consultoria Oikonomia, as vendas de carros, que acumulavam crescimento de 5% até fevereiro, devem fechar o primeiro trimestre marcando queda de 1,5%.

Na briga entre as marcas, a Volkswagen vai perdendo neste mês a segunda colocação para a General Motors (GM), apesar do lançamento do subcompacto Up!, o novo carro de entrada da marca alemã. Conforme dados preliminares compilados pela Oikonomia, a participação de mercado da GM está em 17,6%, acima dos 16,8% da Volks. Líder, a Fiat responde por 24% dos emplacamentos registrados até agora.

O balanço final das vendas e participações das marcas em março será divulgado na quarta-feira pela Fenabrave, a entidade que representa as concessionárias de veículos. Já na sexta-feira, a Anfavea, associação das montadoras, anuncia os números de produção, vendas e exportações do setor.

 

Fonte: Valor Econômico | Empresas | Por Eduardo Laguna

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